Porto Alegre, 03 de maio de 2020
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A conjuntura econômica norte-americana está convivendo com um quadro de extrema adversidade à esta altura da crise do coronavírus.
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Até bem pouco Donald Trump navegava em um mar de otimismo à medida que os números do mercado de trabalho eram extremamente positivos. Hoje a moeda virou de cara para coroa. Houve uma reversão na economia. O PIB registrou uma queda de 1,2% no primeiro trimestre de 2020 em comparação ao quarto trimestre de 2019.
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Quando se analisa a conjuntura à luz de uma taxa anualizada, o PIB evidenciou um recuo de -4,8% no primeiro trimestre do corrente ano. Contudo, a preocupação de Trump está relacionada ao que há de vir.
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A polêmica com Jerome Powell sobre a política monetária posta em prática pelo FED vem do exercício passado. Naquela ocasião, com a economia norte-americana em desaceleração o presidente Donald Trump pressionava o FED por redução nas taxas básicas de juros. Powell discordava porque considerava a economia robusta.
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Veio a crise do coronavírus e os EUA foram os mais afetados na crise sanitária. Hoje, estão contabilizados no Center for Systems Science Engineering (CSSE) da Universidade de Johns Hopkins, casos de 1.132.315 pessoas infectadas e de 66.368 óbitos.
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E assim, o que era uma desaceleração se transformou em recessão. Houve uma queda abrupta e sem precedentes do PIB na história da economia norte-americana. Nessa semana a polêmica entre a Casa Branca e o FED voltou à tona à medida que a Instituição manteve as taxas de juros no mesmo patamar da reunião anterior.
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Em Wall Street após o fechamento do pregão da bolsa de Nova York, o Dow ficou em 23.723.69 pontos, correspondendo a uma queda -2.55% nessa sexta-feira.
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O S&P 500 fechou em 2.830,71 pontos, uma queda de 81,72 pontos, ou uma variação negativa de -2,81%. Paralelamente o índice Nasdaq encerrou em 8.604,95 pontos, um recuo de 284,60 pontos, o equivalente a uma queda de -3,20%.
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O leitor pode verificar o nível de volatilidade dos índices da bolsa de Nova York, pelos resultados positivos dos últimos trinta dias alternados por variações negativas dos últimos 90 dias.
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Nos últimos 30 dias o índice S&P 500 avançou em 246,12 pontos (+9,52%) enquanto o índice Nasdaq registrou incremento de 904,85 pontos (+11,75%). Quanto aos últimos 90 dias, o índice S&P 500 caiu – 491.04 pontos (-14, 78%) enquanto o índice Nasdaq vivenciou uma queda de 778,82 pontos (-8,30%).
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Antes de março eu acreditava que Trump ainda se reelegeria. A crise do coronavírus destruiu a sua âncora à medida que a economia migrou do pleno emprego para a recessão. Trump brigou com a ciência, mas, logo, logo, acreditou que o vírus colocaria milhões de óbitos no seu colo e aderiu a Anthony Fauci, o seu assessor para a saúde.
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O que Mandetta fazia no Brasil, Trump faz nos Estados Unidos. Os dois ocupavam uma hora de televisão diária. Mandetta convencia nos seus argumentos; Trump fica ao lado de quem quer que esteja explicando a pandemia, o verdadeiro papagaio de pirata.
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Trump sabe que fundamental estar na telinha o tempo que for possível. Eu reconheço que o presidente, mesmo idoso, tem grande preparo físico para discutir tudo, sobre tudo, com quer que seja, desde que a imagem esteja dentro da sala das casas dos seus eleitores.
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Vejo-o cansado, muitas vezes. Ele faz uma força danada para mostrar ao telespectador que está atento ao que está sendo dito. Mesmo na briga com os governadores, ele agiu rápido e jogou dinheiro para os Estados. Na economia, dizer o que? Ele injetou trilhões de dólares.
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Ao fim e ao cabo, Trump está perdendo a “briga política” porque não surgiu a vacina. A economia está em nível de crise de 1929. Ele já não tem mais em quem jogar a responsabilidade pela crise. E, pior, ele sabe que utilizou de todos os meios que estavam ao seu alcance para resolver o problema. Nesse ínterim ele tem plena consciência que pode estar perdendo as eleições.
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Trump gastou todas as suas críticas com o sistema de saúde de Obama e com o vírus criado em laboratório chinês. Ele já não tem argumento a inventar e a recorrer. Nessa semana eu vi a pesquisa divulgada na CNN que Biden está pontos à frente de Trump na pesquisa eleitoral para o pleito da terça feira, 3 de novembro de 2020.
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Joe Biden tem repetido que Donald Trump pretende atrasar as eleições. Obama, o adversário maior do presidente, já deu o apoio ao seu ex-vice presidente. Obama entrou forte na disputa quando gerenciou o apoio do socialismo democrático de Bernie Sanders a Joe Biden.
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Joe Biden parece que pretende arriscar na fórmula para chegar à Casa Branca. Eu temo que ele corra risco se, efetivamente, internalizar na sua pauta a agenda de Sanders e de Elizabeth Warren. Ao mesmo tempo eu creio que ele tem semanas de coronavírus para retirar alguma carta de baixo da manga.
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No dia 28 de abril, a desaprovação a Trump foi a 52,6%. Ele já está atuando com sinal amarelo na Casa Branca. Ele deu azar que a moeda virou de lado na reta final para as eleições. A bolsa não o ajuda mais. A economia só tende a despencar. A discussão com o FED se esvaziou.
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Quem domingo terá Donald Trump nesse 3 de maio? Ele não quer nem saber de discutir salário-desemprego. O coronavírus já o derrubou e Antonhy Fauci sinalizou que se as regras para o fim do isolamento não forem seguidas à risca, o segundo brote do vírus chegará em setembro.
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Será que Donald Trump vai fazer uma aposta de alto risco na volta do coronavírus? E se ele partir à frente, de mãos dadas com a ciência, na chegada do outono quando o corona voltar? Ele pode evitar que os juros se tornem negativos face à independência do FED? Ele pode fechar a conta da queda do PIB no segundo trimestre e levantar, de vez, uma bandeira do resgate imediato dos empreendimentos? Quem sabe ele possa voltar no tempo, esquecer as críticas aos antigos aliados, e partir para uma forma de resgatar a economia da Europa?
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O que eu creio que possa acontecer é uma aliança de Donald Trump com Jerome Powell para resgatar a economia. Certamente que essa convergência resultaria na mais forte aliança econômica do mundo em plena crise de coronavírus. Biden precisa estar atento. Seu adversário é imprevisível.
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Bom dia, leitor do blog!
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FOTO ABAIXO: Teatro Dona Maria II, localizado no Rossio, em Lisboa, em imagem dos meus arquivos de 1968. Dona Maria II foi rainha de Portugal de 1826 a 1828 e de 1834 a 1853. O teatro foi inaugurado em 1846. Eu apareço na fotografia, de terno e gravata, com os meus 56 quilogramas e 1,75 metro de altura à época. Oportunamente eu vou preparar um post sobre a minha época de magreza excessiva.